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quinta-feira, 14 de maio de 2009

A Bela Vista e o belo sonho, segundo Empresário Manuel Serrão


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Há sonhos que se alimentam de uma bela vista (e tantas tenho eu na Foz do Douro!) e belas vistas que sobrevivem em nome de um sonho. O sonho da Bela Vista que tem tirado o sono a muitos portugueses é o sonho de igualdade de oportunidades. Mas o sonho que aqui combina com a desgraça do bairro setubalense da Bela Vista é o sonho em que embarcaram os clientes do BPP (Banco Privado Português). Um sonho mantém-se desempregado, o outro foi mal empregue.

Do mundo da banca privada de investimentos, teoricamente só acessível a gente rica e bem instalada na vida, ao mundo do bairro da Bela Vista, em princípio frequentada por gente pobre e mal instalada neste país, vai uma distância tão grande que não deixa de ser caricato como é possível aproximá-los numa simples crónica jornalística. 

Estão os dois mundos na ordem do dia. Mais contidos e polidos os clientes do BPP, mais expressivos e violentos os habitantes do bairro, mas ambos interpelaram o Governo e as autoridades, violando a lei que nos regula. Pedindo dinheiro de uma forma explícita, os do BPP, protestando contra a falta dele, de uma forma implícita, os da Bela Vista.

Aos dois o Estado tenta responder, mal, na mesma moeda. Aos do BPP, de uma forma implícita, já se insinua que pagará o que eles exigem. Aos da Bela Vista, de uma forma explícita, há muito que recebem mais de um milhão de euros, a título de subsídio de reinserção social.

Para estes dois autênticos peditórios nacionais lá contribuem os mesmos de sempre: aqueles que não se queixam nas ruas, nem invadem empresas, nem assaltam esquadras, limitando-se a cumprir a lei e também as suas obrigações.

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Neste raciocínio, perdoar-me-ão os visados, mas não há ponta de ideologia.

Os fantasistas do Bloco de Esquerda hão-de protestar contra mais uma liberalidade do Estado, no caso do BPP. O Dr. Portas há-de gesticular, vigoroso, contra o desrespeito da autoridade e o desperdício do dinheiro público, vertido em subsídios a imigrantes desaproveitados.

Uns e outros terão a sua razão, mas também a perderão enquanto só olharem para um dos lados da mesma moeda. O euro que se irá dar ao cliente do BPP (que já lucrou muitos anos!) que foi apanhado com as calças na mão, vale exactamente o mesmo que o euro que há-de tilintar na bolsa de um daqueles habitantes do bairro da Bela Vista, que gosta de complementar o seu subsídio com a receita de um assaltozito nos arredores.

O problema de Estado não está no princípio. Discutível, mas aceitável. Está na implementação. Difícil, mas indispensável. Há-de haver clientes do BPP que nunca ganharam um cêntimo com o banco e foram eventualmente enganados. Como existem certamente habitantes da Bela Vista que procuram o emprego debalde todos os dias e nunca assaltaram ninguém. Mas todos sabem que existem os outros, de um lado e do outro.

Se o Estado fosse uma pessoa de bem não descansaria enquanto não apurasse onde estão os bons e onde estão os maus. A bem da Nação!


Fonte: Jornal de Notícias

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