A segurança à volta da Esquadra da Bela Vista, em Setúbal, aumentou ontem de intensidade, na sequência de informações recolhidas pela PSP, segundo as quais gangues não identificados teriam a intenção de abater um agente, soube o JN.
A informação está ainda a ser analisada, mas começaram já a ser tomadas medidas de precaução, tanto mais que as informações davam também conta de que elementos criminosos estariam a armazenar cocktails molotv.
A agitação no bairro surgiu na sequência do funeral de Antonino, na passada quinta-feira à tarde, jovem assaltante abatido numa perseguição da GNR, em Alvor (Portimão), e ontem à tarde a tensão aumentou, depois de vários disparos e rebentamentos de bombas artesanais, vindos das traseira da Esquadra.
A informação relativa à ameaça foi recolhida na sequência dos graves confrontos registados na madrugada de ontem em que dezenas de agentes da PSP tiveram que fazer fogo com "shot gun", com balas de borracha, para abrir caminho aos bombeiros, chamados para extinguir o fogo em duas viaturas e um contentor, nos limites da Bela Vista. Aliás, fontes policiais davam conta de que os incêndios, provocados por gangues, teriam também como intenção atrair os agentes a uma armadilha.
A valorização da informação quanto à ameaça mortal a elementos da PSP não era ainda clara, mas face ao que aconteceu na noite de quinta-feira em que os cocktails molotov foram lançados directamente contra os agentes, o ataque à Esquadra da Belavista, na tarde de sábado, com tiros de caçadeira, e os confrontos na madrugada de ontem, a verdade é que a segurança foi reforçada. Com efeito, ao contrário do que tinha acontecido até ontem, em que a segurança ficava também a cargo das Esquadras de Intervenção Rápida, das Divisões, essa responsabilidade acabou por ser atribuída ao Corpo de Intervenção (CI), uma força de elite da Unidade de Polícia. O próprio CI já ali tinha feito também segurança, mas agora com um reforço do poder de fogo, uma vez que todos os homens passaram a estar equipados com pistolas-metralhadoras.
A recolha de informação pela PSP deu ainda conta de contactos estabelecidos entre gangues da Bela Vista e da Cova da Moura, aparentemente para uma coordenação de acções contra as autoridades, para reduzir o esforço policial na Belavista e criar acções de diversão.
E anteontem à noite, a segurança foi reforçada em torno do comando da Divisão da Amadora e medidas semelhantes foram tomadas nas várias esquadras da Divisão de Setúbal, no receio de que pudesse ocorrer algum ataque.
Também elementos da Esquadra de Investigação Criminal da Divisão da Amadora estiveram, anteontem à noite, na Belavista, aparentemente para darem colaboração aos elementos locais, face aos contactos entre gangues.
A aparente associação parece estar ligada ao passado criminal de Antonino, jovem que chegou a estar ligado ao "Gangue da CREL" ou "Gangue da Caçadeira", tristemente famoso pelo assalto e sequestro da actriz Lídia Franco, nos anos 90. O gangue era composto por jovens da Bela Vista, da Cova da Moura e de Talaíde, em Oeiras, e o facto de Antonino ter então 14 anos salvou-o da cadeia. Mais tarde ficou ligado a crimes violentos, como o ataque a tiro a discoteca na Moita.
Estes factores que estão a ser avaliados pela PSP, face à tensão crescente na zona. A meio da tarde de ontem, elementos do Corpo de Intervenção fizeram buscas nas traseiras da esquadra, progredindo cuidadosamente casa a casa, fortemente armados, após terem sido ouvidos tiros e rebentamentos.
Fonte: Jornal de Notícias (10-05-2009)
Link: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Policia/Interior.aspx?content_id=1227127
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