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terça-feira, 12 de maio de 2009

Sequestrador do BES diz-se 'arrependido para a vida'


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A poucos dias de começar a ser julgado no tribunal da Boa-Hora, Wellington Rodrigues Nazaré confessa que tem rezado muito e pedido a Deus. O mesmo Deus que, aparentemente, foi capaz de lhe poupar a vida quando um snipper do Grupo de Operações Especiais (GOE) falhou um tiro fatal numa noite de Agosto de 2008, à saída de uma dependência do BES em Lisboa, talvez o ajude de novo: "Quero tentar ser feliz e fazer os outros felizes".

Nilson, o seu cúmplice no assalto e sequestro de seis pessoas, morreu de imediato com uma bala no coração, mas Wellington sobreviveu a quatro tiros - o primeiro deles na cara. Dez dias depois, recuperado do coma, estava a responder a um juiz de instrução criminal: o amigo tinha-o aliciado e não se recordava de ter apontado a pistola à cabeça de ninguém.

Na terça-feira, dia 12, quatro cidadãos escolhidos ao acaso vão sentar-se no banco do júri para decidir agora qual vai ser o preço a pagar por Wellington por ter ficado vivo. Dão-lhe uma pena pesada pelos oito crimes (seis de sequestro, um de roubo na forma tentada e outro de detenção ilegal de arma), que pode ir aos 20 anos, ou são condescendentes e acham que ele merece ser solto antes?

A estratégia do advogado de defesa, João Martins Leitão, passa pela ideia de que se trata de um rapaz de 24 anos que sempre trabalhou honestamente e não voltará a dar um passo em falso. Vai, por isso, tentar trazer uma irmã do Brasil, para depor.

"A pouco e pouco, fui retomando minha consciência e discernimento e passei a sentir-me deprimido com os meus actos", lamenta o imigrante, passados nove meses de estar na prisão, sem entrar em pormenores sobre o que aconteceu verdadeiramente durante as oito horas em que o sequestro a dois bancários e quatro clientes foi sendo acompanhado em directo pelo país inteiro.

Os dois bancários, que foram os únicos sequestrados a permanecer até ao fim e optaram sempre por não falar publicamente sobre o caso, vão ser os primeiros a ser ouvidos, devendo relatar na íntegra o que já disseram antes àPolícia Judiciária . Consultadas pelo Expresso, as versões de ambos são coincidentes e não abonam a favor de Wellington.

Quer a gerente da sucursal do BES, Ana Antunes, quer o subgerente, Vasco Mendes, põem a violência exercida por Wellington ao mesmo nível de Nilson, embora o arguido brasileiro mantenha que aceitou avançar para o assalto apenas na véspera e que nunca antes participara num crime, afirmando ainda que tentou render-se várias vezes durante o cerco da Polícia.

"Arranjem quatro caixões"

Além de uma pistola, Wellington levava consigo uma faca com uma lâmina de 20 centímetros e, segundo a inquirição feita a Vasco Mendes, ameaçou várias vezes: "Daqui ou saímos livres e vivos ou vão ter de arranjar quatro caixões!... Presos é que não!"

Nessa altura, já só restavam no banco os dois funcionários e os sequestradores, que se mostravam cada vez mais nervosos e violentos. Wellington tinha dado de caras com dois polícias dentro da agência e aproximou-se deles agarrando o subgerente pelo pescoço, de pistola encostada à cabeça: "Se avançam, eu mato!"

A situação agravou-se rapidamente. Duas horas depois do início do sequestro, um negociador telefonou a dar conta de que o carro pedido para a fuga ia demorar e Wellington carregou no gatilho. "Ele disparou com a arma praticamente encostada à minha cabeça", conta Ana Antunes.

Os dois funcionários confessaram temer seriamente pela vida. Os assaltantes chegaram a discutir a ideia de cortar a cabeça do subgerente e lançá-la para a rua, antes da fuga.

Mais tarde, no decurso da investigação, a PJ vasculhou a casa onde os dois imigrantes viviam. No quarto de Nilson estavam dez mil euros em notas, o que indicia assaltos anteriores, mas Wellington também não ficou bem na fotografia: no seu havia 38 abraçadeiras brancas iguais às que serviram para amarrar os reféns do BES e ainda duas cabeleiras postiças. Usadas.

Actualização do texto publicado na edição do Expresso de 9 de Maio de 2009


Fonte Expresso

 

Link: http://aeiou.expresso.pt/sequestrador-do-bes-diz-se-arrependido-para-a-vida=f513970

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